segunda-feira, 17 de maio de 2010

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   Dança-mos a dança dos corpos suados, a dança dos prazeres ocultos. Nesta dança senti o meu coração explodir e troar qual força da natureza.
   Da tua boca bebi a ambrósia dos deuses e descobri que toda a minha vida havia morrido de sede ate provar essa tua iguaria.
   Olhei-te nos olhos e senti um calor esquentar ainda mais o meu sangue. Um calor que me impulsionava na espiral de certezas que tu tinhas nesse verde imenso. 
   Senti a tua mão buscar o coração que no meu peito batia veloz. Imitei o teu gesto, e descobri contigo que batiam em sintonia. Marcavam o compasso do nosso amor e da nossa alegria.
   Com todo o amor inimaginável abraçaste-me, ainda ofegante. Nesse sorriso rasgado, acanhado, satisfeito li a mais linda e profunda declaração de amor.
   E nesse teu abraço apertado, quente, protector descobri a casa que havia perdido. 

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Encaixe perfeito

   Quando peguei no telefone pela centesima vez, não cheguei a marcar o número. Já tinha liagado a todos os que precisavam saber. O meu irmão, a minha tia, os meus primos. Todos estavam convocados para o funeral do meu pai, amanha a tarde. 
   Fiquei parada, desorientada, a olhar para esta casa vazia. Parecia abandonada, tal o silencio que reinava aqui dentro. O relógio dizia-me que estava na hora de ir ao hospital, mas não queria ir sozinha.
   Peguei no meu telemóvel, sabia exactamente a quem ia ligar. Só ele me entendia, só a dor dele se podia compara a minha. Sim, porque a há anos que o meu irmão se tinha afastado de nos.
   Ele atendeu nos primeiros toques, achei que ele deveria estar com o telemóvel na mão para me ligar, e isso fez-me sorrir.
   - Diz, pequenina?
   - Podes vir ter comigo?
   - Estou a tua porta, vem cá fora.
   - Até já.
   Pois, típico. Eu e o Miguel somos assim, como que se pressentíssemos que tínhamos de ir ter com o outro. As vezes pensava se seriamos parte da mesma peça, destinados a encaixar. 
   Ele estacionava o carro, enquanto eu saia para o terraço. Pouco via da sua cara mas eu sabia que espelhava a minha, tirando os olhos inchados de chorar. Perguntava-me quantas mais lágrimas choraria até estas secarem de vez.
   Fiquei feliz ao vê-lo sair do carro e encaminhar-se para mim, abraçando-me. Com os seus braços a proteger-me, o vazio dentro de mim diminuiu, recuou um pouco. Os meus olhos encheram-se de lágrimas novamente.
   Senti que ele se afastava, encarando-me.
   -Amo-te, pequenina. Sabes disso, não sabes?
   Acenei com a cabeça dizendo que sim, sem conseguir falar. 
   Pegou-me na mão e pouso-a no seu coração.
   - Bate por ti, pequenina.
   Olhei-o nos olhos, sentindo o sabor das suas palavras. O meu também bate por ti, tentei dizer-lhe naquele olhar profundo.
   Ele aproximou-se devagar, dando-me tempo para me afastar. Não o fiz, chegava de dor, e de incertezas.
   Senti o calor dos seus lábios nos meus, e mais lágrimas caíram. No meio de tanta tristeza, uma pequena felicidade nascia, sem medos, sem vergonhas.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Total eclipse of the heart


As vezes a vida parece imensa no meio da escuridão. Mas com a luz ela encolhe e acaba por esmorecer.
O eclipse total do coração, quando te voltas e vez que na realidade ninguém olha de volta, ninguém se preocupa.

Sinto que o que me parecia distante chegou cedo de mais. A solidão que eu sabia próxima invadiu os meus dias. E eu olho a minha volta cada vez com mais frequência, e a conclusão é sempre a mesma. Não há ninguém a minha volta, não há amigos para falar nem abraçar e chorar com eles.

As lágrimas que ficavam presas correm sem licença e tornam-se a minha realidade.
Lembro o que me diziam, '-Uauh és tão forte! Como e que aguentas? Se estivesse na tua situação eu iria chorar como uma doida.'
Pois, vocês só vêem a mascara. Não olham mais de perto e não vêem o que se esconde por detrás dessa força toda, dessa integridade espantosa que de nada adianta.
A pequena menina assustada que se ve sozinha num mundo imenso sem qualquer rumo a tomar.


Não há nada que eu possa fazer, eclipse total do coração...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Duvidas que me atormentam!

Como e que numa turma com 40 alunos, 10 fazem um teste, 2 tiram positiva?

Como e que um professor pode chamar a isto bons resultados?

Como e que uma universidade conceituada nem dinheiro tem para regar a relva?

Como e que a mesma universidade tem dinheiro para enfeitar os jardins com estatuas pornograficas?(sim porque representam o ciclo reprodutor de um organismo marado, para mim isso e pornografia!)

Como e que alguem passa o dia todo sentado a ler um livro meu emprestado e no fim me diz, espera ja li este livro...?

Como e que eu me lembro da materia que elas estudam ao pe de mim e nao me lembro da que eu estudei?

Avô


Há noites em que a saudade me ataca de surpresa e deita a mascara ao chão. 
Nessas noites choro, acompanhada por uma música calma. 

Choro de saudades tuas Avô, e relembro mais uma vez o infortúnio que nos abalou. 

Enquanto percorro os nossos sorrisos e as historias contadas debaixo do céu estrelado sinto a falta da tua voz amável e do calor do teu abraço.

Sim, eu sei que me vês nestas noites e que choras comigo. 
Porque eu sempre tive o teu carinho, apoio e o teu orgulho. 
Porque sempre que entro na sala da terra ainda olho com carinho para o sitio onde dormias de tarde. 

Gostava que me tivesses visto entrar para a universidade, ter o prazer de te dizer que adoro este curso.

Mas se tivesse uma última oportunidade só te dizia que te amo do fundo do meu coração. 
Este coração que nestas noites tristes perde um pedaço, como se de uma rosa se trata-se. 

Tenho saudades tuas, Avô.